As mortes do cantor sertanejo Cristiano
Araújo, 29, e sua namorada, Allana Moraes, 19, em acidente na BR-153, em
Goiás, na madrugada de quarta-feira (24), poderiam ser evitadas se
ambos estivessem utilizando o cinto de segurança.
Se um carro a 80 quilômetros por hora, conduzindo um passageiro de 70
quilos no banco traseiro sem o cinto de segurança, sofrer uma colisão, o
impacto do corpo deste sobre o condutor ou carona será de 5,2
toneladas, com consequências graves para quem está sentado à frente do
veículo.
Pesquisa nacional promovida pelo Ministério da Saúde, em parceria com
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que
apenas 50,2% da população brasileira têm o habito de usar o cinto de
segurança no banco traseiro de carros ou vans, apesar de comprovadamente
o fato de por o utensílio reduzir o risco de morte no trânsito.
Ao que tudo indica, os baianos estão se conscientizando disto, mas a
maioria ainda desafia o que recomenda o artigo 65 do Código de Trânsito e
corre o risco de entrar para as estatísticas dos acidentes fatais.
Segundo o estudo, os entrevistados mostram mais consciência quando
estão no banco da frente, em que 79,4% das pessoas com 18 anos ou mais
dizem sempre usar o item de segurança. Contudo, o cinto na parte
traseira do veículo reduz mais o risco de morte, pois, em uma colisão,
impede que o corpo dos passageiros seja projetado para frente, atingindo
o motorista e o carona.
Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet)
mostra que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de
morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%. Em 2013, um levantamento
da Rede Sarah apontou que 80% dos passageiros do banco da frente
deixariam de morrer se os cintos do banco de trás fossem usados com
regularidade.
“Em Salvador nós não temos pesquisa, mas não usar o cinto de
segurança no banco traseiro é um perigo terrível, mas infelizmente faz
parte de uma cultura nacional”, diz Miriam Bastos, gerente de educação
para o trânsito da Transalvador. Já o condutor que não usa o utensílio,
comete infração que gera multa de R$ 127,69 e cinco pontos negativos na
Carteira de Habilitação.
Conforme Miriam Bastos, os motoristas da capital baiana aos pouco vão
entendendo o quanto é importante usar o cinto com o veículo em
movimento. “Isto acontece por conta do processo educativo e da
fiscalização. Agora mesmo, no São João, fizemos campanha alertando para a
importância do uso do cinto e do perigo do uso do celular ao volante.
Cabe ao condutor do veículo exigir de todos os passageiros por o cinto,
que só pode ser retirado depois do carro estacionado. Percebemos que os
motoristas que transitam na área central da cidade são os mais atentos a
estes detalhes”.
Perigo nas estradas
Levantamento da Polícia Rodoviária Federal no estado
aponta 14.815 notificações para motoristas dirigindo nas estradas sem
usar o cinto, e 4.922 passageiros na mesma situação, isto em 2014. Este
ano, até a última quarta-feira, 24, a PRF já flagrou 11.938 condutores
sem o cinto e 3.775 passageiros cometendo o mesmo absurdo. “É
fundamental o uso do cinto, que é o socorro mais rápido em caso de
acidente. Nada supera a importância do uso dele. E quem está no banco de
trás e não usa, pode até matar quem está no banco da frente”,
concluiu.
A propósito, balanço da Polícia Rodoviária Federal revela que houve
redução de mortes e feridos nas estradas baianas entre os dias 19 e 24
deste mês, período de intenso movimento na malha rodoviária devido ao
São João, em comparação ao mesmo período no ano passado. Foram 229
acidentes em 2014 e 199 este ano, o que representa uma redução de 13 por
cento. Em 2014, 133 pessoas ficaram feridas, enquanto que este ano 117,
uma redução de 12%. Quatorze pessoas morreram vítimas de acidentes de
carro em 2014, e este ano 12, o que equivale a uma redução de 14,29%.TRIBUNA DA BAHIA
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