O chá verde é bastante consumido devido à
ação antioxidante e anti-inflamatórias das catequinas, composto químico
presente em sua formulação. No entanto, pesquisadores da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo (USP) descobriram um concorrente à altura
para a bebida, com pelo menos dez vezes mais catequinas: o guaraná. "Até
então, o guaraná era visto apenas como estimulante devido ao seu alto teor de
cafeína, principalmente pela comunidade científica internacional.
No Brasil, também observamos que havia uma
escassez de trabalhos enfocando outros efeitos biológicos do guaraná. A
avaliação pioneira sobre a absorção e os efeitos biológicos de suas catequinas
em voluntários humanos pode aumentar o interesse da comunidade científica, do
mercado e da sociedade em geral pelo fruto como alimento funcional",
afirmou a coordenadora da pesquisa, Lina Yonekura, à Agência Fapesp. Durante um
mês, foram realizadas duas etapas de testes. Inicialmente para medir os
parâmetros de referência dos efeitos do guaraná em voluntários saudáveis, mas
com sobrepeso e risco cardiovascular ligeiramente elevado, os indivíduos foram
submetidos a exames clínicos após 15 dias de dieta controlada. Nos 15 dias
seguintes, passaram a consumir 3 g de guaraná em pó suspenso em 300 ml de água
todas as manhãs, em jejum. De acordo com a pesquisadora, as catequinas do
guaraná melhoraram o sistema de defesa antioxidante enzimático natural das
células, composto principalmente pelas enzimas glutationa peroxidase, catalase
e superóxido dismutase. Juntas, elas transformam superóxido em peróxido e,
finalmente, em água, protegendo assim as células de danos oxidativos causados
pelo próprio metabolismo e por fatores externos. "Os resultados são
animadores e mostram que a biodisponibilidade das catequinas do guaraná é igual
ou superior às do chá verde, cacau e chocolate, sendo suficiente para promover
efeitos positivos sobre a atividade antioxidante no plasma, proteger o DNA dos
eritrócitos e reduzir a oxidação dos lipídeos no plasma, além de promover um
aumento da atividade de enzimas antioxidantes.
Com a pesquisa, esperamos que haja um maior
interesse científico pelo guaraná, já que essa é uma espécie nativa da Amazônia
e o Brasil é praticamente o único país a produzi-lo em escala comercial".
BAHIA NOTÍCIAS
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