A proteção da exposição da pele de crianças e de adolescentes à exposição indevida ao Sol é o tema de um documento científico, elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que tem como meta informar médicos, pais e responsáveis sobre as medidas adequadas para uma boa fotoproteção às populações nessas faixas etárias. O texto, que já se encontra disponível no site da entidade, mostra de forma didática os principais riscos associados à exposição solar, ressaltando os seus prós e contras, inclusive como tratamento para algumas condições ou patologias.
Esse documento científico foi elaborado por 11 especialistas, dentre eles meteorologistas e químicos. Do grupo de pediatras que contribuiu com o texto constam nomes com forte atuação em áreas como dermatologia, nutrologia, endocrinologia e Neonatologia. Também fizeram parte desse time o diretor Geral dos Departamentos Científicos da SBP, dr. Dirceu Solé, e a presidente da entidade, dra. Luciana Rodrigues Silva.
De acordo com o trabalho, a exposição excessiva à radiação solar ultravioleta na infância está associada ao aumento do risco de ocorrência de câncer de pele e provoca o envelhecimento cutâneo precoce. No trabalho, a SBP ressalta que, apesar das comunidades científicas recomendarem a utilização das medidas de proteção solar de forma adequada, a população continua a se expor intencionalmente ao sol de maneira desprotegida por objetivos estéticos ou por hábito cultural.
TROPICAL - No caso, o Brasil está contido dentro das áreas tropical e subtropical do planeta, com grande disponibilidade de radiação ultravioleta mesmo nos centros urbanos. Este fato determina que a população que não utiliza as medidas de fotoproteção esteja exposta a altos índices de radiação durante todo o ano. Entre os efeitos benéficos da exposição solar encontra-se a síntese de vitamina D, porém é necessário buscar o equilíbrio entre o risco e o benefício da exposição solar, alertam os especialistas da SBP.
O Guia de Fotoproteção na Criança e no Adolescente, que contou com o apoio institucional da multinacional Johnson & Johnson para sua confecção, oferece aos pediatras brasileiros acesso à revisão de literatura sobre o tema e a uma análise conjunta dos Departamentos Científicos de Dermatologia, Endocrinologia e Metabologia, Neonatologia e Nutrologia da SBP sobre as medidas adequadas de fotoproteção na infância e adolescência.
De acordo com o Guia, os pais e os responsáveis precisam ficar atentos ás melhores medidas de proteção solar para todas as idades. Para os bebês abaixo dos seis meses de idade, recomenda-se evitar a exposição direta ao Sol e o uso de protetores mecânicos como sombrinhas, guarda-sóis, bonés e roupas. Já para o grupo de crianças com idades de seis meses a dois anos, indica-se filtros inorgânicos (físicos) pela menor capacidade de provocar alergias, alta resistência à água e proteção imediata. Por sua vez, a partir dos dois anos, o ideal é utilizar filtros químicos infantis (protetor-solar).
O Guia conclui que os riscos da exposição sem proteção superam os benefícios, mesmo nos discutidos casos de icterícia neonatal e déficit de Vitamina D. As atividades recreativas e esportivas ao ar livre fazem parte da infância e adolescência, portanto, não devem ser desestimuladas, considerando que é impraticável o estabelecimento da restrição total de exposição solar, principalmente nesta fase da vida. Desta forma, é importante que todas as medidas de proteção solar sejam adotadas pela população durante todo o ano, mesmo em dias nublados ou de menor temperatura.
ROUPAS – No texto, é destacado que, além do protetor solar, o suporte oferecido por roupas, bonés e óculos que possuem proteção UV também é bem-vindo. Os especialistas destacam que o náilon, a seda e o poliéster têm maior fator de proteção do que o algodão, a viscose, o rayon e o linho. Quanto menor os espaços entre os fios do tecido e maior o peso e a espessura do tecido, maior a proteção. Além disso, as colorações escuras aumentam a proteção 3 a 5 vezes, e as roupas, quando molhadas, perdem metade do FPS.
Outro aspecto destacado no trabalho é a importância de observar a altitude e latitude em que ocorre a exposição ao Sol. Também é preciso ficar atento ao nível de reflexão da superfície, a qual pode determinar variações nos fluxos de Raio UV. Como destacam os autores do Guia, a maioria das pessoas desconhece que até a grama, a areia úmida e o asfalto refletem os R-UVs, entre 1% a 5%; enquanto superfícies como a neve fresca podem refletir mais de 90% da R-UV.
A produção do Guia de Fotoproteção na Criança e no Adolescente integra iniciativa da SBP de estimular a produção científica, a partir da contribuição de seus especialistas, com o objetivo principal de capacitar os pediatras brasileiros para o melhor atendimento de seus pacientes. Todos os textos estão disponíveis no site da entidade, com acesso restrito aos associados. Porém, alguns textos de interesse amplo são disponibilizados para todos os interessados. ACORDA CIDADE
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