Mesmo que você não tenha filhos, provavelmente já presenciou
cenas semelhantes: criança se jogando no chão e gritando porque não recebe o
que quer na hora que está pedindo; criança gritando (e até batendo) nos pais
porque não ganharam o que querem, na hora que querem; criança jogando comida no
chão porque não é o que quer comer. Pois esse comportamento é de
criança mimada e indica, sim, falta de educação.
Para a psicóloga Laurema Suckow de Castro uma geração de “crianças
mimadas” está se
formando por uma mudança social e até econômica. “O pais e as mães estão muito
mais ausentes, trabalhando muito. As crianças ficam muito ligadas em aparelhos
tecnológicos e tendo pouco contato com a família. Isso desencadeia um
comportamento social sem muitos limites”, explica.
Limite aliás, é a palavra chave para lidar com uma criança
mimada e também pode ser a “salvação” para esse tipo de comportamento. O
problema, conforme analisa a psicóloga, é que a culpa dos pais acaba
desencadeando um comportamento vicioso. Os pais não querem
repreender a criança porque sentem culpa por não passar mais tempo com ela. Os
filhos percebem essa culpa dos pais e usam ao seu próprio favor, testando
limites e – também – a paciência.
“Uma criança mimada é uma criança que tem baixa tolerância à
frustração. Não sabe ouvir um não e não consegue se comportar bem socialmente”,
explica Laurema. Esse “não consegue” passa pela questão da criança saber que os
pais não vão repreendê-la em um lugar público, por isso acaba colocando a
família em situação constrangedora.
O que fazer nesses casos? Ser firme. Por
mais que a culpa bata, os pais devem saber que os limites são essenciais na
educação dos filhos e que são eles – os pais – que sabem o que é melhor para as
crianças durante a infância. Isso significa saber se comportar durante um
passeio e até comer o que os pais indicam, já que os adultos têm mais
experiência para saber o que faz bem do que uma criança.
Parece lógico, mas muitos pais têm dificuldades em colocar
limites nas crianças e terceirizam essa função, seja para a escola ou para
especialistas. Laurema salienta que uma situação muito comum hoje em dia é os
pais buscarem diagnósticos para criança, chamando-a de hiperativa ou mesmo buscando
ajuda médica para lidar com um comportamento inadequado.
“Há diferenças grandes entre uma criança com alguma síndrome e
uma criança sem educação, sem limites. Os pais não podem confundir. Na dúvida,
é importante buscar orientação”, salienta Laurema.
O que fazer?
A psicóloga dá algumas dicas para lidar com crianças que estão
fazendo birra ou manha constantemente. Confira:
o Tenha controle da situação. Lembre-se: quem sabe o
que é melhor para as crianças são os adultos e não elas.
o Seja firme. Não volte atrás em uma
decisão. A criança precisa confiar e sentir-se segura com a decisão do adulto.
o Não sofra. Saiba que dar
limites é positivo para a criança. Uma criança mimada é manipuladora e sabe o “ponto fraco” dos
pais. Não caia no jogo.
o Fuja do consumismo. Não tente compensar o
tempo que você passa fora com presentes. O que vale é a qualidade do tempo
também, portanto, presentes, só em datas especiais.
o Dê tarefas para que as crianças
cumpram de acordo com a idade e maturidade delas. Estimule a
independência.
o Faça combinados e mantenha as
regras. Antes de sair de casa
para um passeio, lembre os acordos da família: nada de birra, manha ou pedir
para comprar alguma coisa. Não dá para fazer tudo o que as crianças querem,
isso prejudica um crescimento saudável! GAZETA
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