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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Depressão bipolar é mais grave que unipolar e piora com antidepressivos

Alterações de humor são normais, mas é preciso ficar atento quando elas ocorrem de forma constante, intensa e sem explicação aparente. Se, somado a isso, os períodos de depressão forem mais duradouros do que os de euforia, pode-se estar diante de um quadro de depressão bipolar.
 
Considerada a doença mental que mais causa morte por suicídio, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a depressão bipolar é diferente da depressão que comumente ouvimos falar - chamada de unipolar - e refere-se à fase depressiva do transtorno bipolar.

Nessa condição crônica, a principal característica é a alternância constante de ciclos. Mesmo que a pessoa tenha fases de extrema agitação, a tristeza profunda é mais prevalente. Outros sintomas são apatia, insônia, perda de peso, baixa autoestima, pensamentos recorrentes de morte ou suicidas.

"A doença bipolar se expressa ao longo de um contínuo, que vai de formas muito leves até aquelas graves que, muitas vezes, termina em internação psiquiátrica", explica José Alberto Del Porto, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele afirma que os sintomas têm consequências graves e prejudicam a vida cotidiana, seja em casa, no trabalho, nos estudos e na vida social.

Uma pesquisa sobre os sintomas no transtorno bipolar, feita por quase 13 anos, mostrou que os pacientes passavam 47,3% desse tempo com sintomas. As fases depressivas (31,9%) predominaram sobre as de euforia (8,9%) e os períodos mistos (5,9%).



Mania. Os episódios eufóricos, que duram menos tempo, são chamados de mania. Ela pode se manifestar tanto de modo alegre e positivamente exaltado como de forma irritada e "briguenta". "Essa alteração do humor é acompanhada de um aumento anormal da atividade, a pessoa fica hiperativa", acrescenta Del Porto.
O especialista dá exemplo de uma pessoa que passa as noites trocando os móveis de lugar e, por gostar de cozinhar, enche o freezer de comida. "Essa hiperatividade pode ser dirigida a um objetivo ou não, indo de uma ação para outra [sem objetivo]", explica.
Nessa fase, a pessoa ainda pode apresentar autoestima inflada, redução da necessidade de sono, ficar mais falante ou ter fuga de ideias (quando os pensamentos se emendam e a pessoa fala de diversos assuntos com nexos circunstanciais) e distração. A agitação motora também é muito característica.

Depressão. Já os episódios depressivos tem características similares à depressão unipolar, mas alguns sintomas são mais comuns na bipolaridade: sonolência excessiva, ganho de peso, delírios, idade de início precoce e instabilidade de humor acentuada.
Segundo a ABP, a depressão bipolar é mais comum do que se imagina. Dados de estudos e livros sobre o transtorno apontam uma incidência de cerca de 5% na população mundial. No Brasil, a estimativa da associação é de 2,2%, com números que variam de 4 milhões a 6 milhões de pessoas com a doença.

Como ajudar. Quem tem depressão bipolar não percebe as alterações que sofre, por isso é importante o apoio de quem está em volta. Segundo o especialista, as depressões são erroneamente associadas à preguiça, falta de caráter e má vontade. "Esse é o grande estigma a ser combatido", afirma. "Essa mudança de enfoque pode ajudar o paciente. A primeira coisa é se despir de um olhar moralizante e mudar para um olhar mais aberto para a possibilidade de se tratar de uma doença e estimular o tratamento", orienta. TERRA

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