Entre junho e agosto, meses marcados por temperaturas mais frias, as
internações nos hospitais públicos da cidade de São Paulo por
insuficiência cardíaca e infarto chegam a ser 30% maiores do que no
verão. É o que mostra estudo inédito realizado por médicos da Sociedade
Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
A pesquisa, liderada pelo cardiologista Eduardo Pesaro considerou todas
as internações por insuficiência cardíaca (76.474 casos) e infarto agudo
do miocárdio (54.561 casos) registradas em 61 hospitais públicos da
capital paulista entre janeiro de 2008 e abril de 2015.
Os dados fazem parte do Cadastro Nacional de Saúde, do Sistema Único de
Saúde (SUS). Foram consideradas também as temperaturas mínima, máxima e
média em cada período ao longo desses sete anos, registradas pela
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). “Provavelmente isso
se dá por fenômenos múltiplos como o frio e a qualidade de ar como
principais aspectos de risco. As pessoas que estão em maior risco e que
já são doentes, com pressão alta, diabetes, devem ter uma atenção
especial nesse período e maior controle como tomar corretamente o
remédio e medir a pressão”, aconselhou o cardiologista.
A pesquisa mostrou ainda que o número médio de internações por
insuficiência cardíaca no inverno foi maior em pacientes com mais de 40
anos. Já as hospitalizações por infarto foram registradas em maior
número em pacientes com idade superior a 50 anos. De acordo com o
cardiologista, as causas do aumento do risco cardiovascular no inverno
não estão diretamente ligadas à queda do ponteiro do termômetro, mas às
condições ambientais e socioeconômicas de São Paulo.
“Inverno não significa só frio, mesmo porque em São Paulo ele é ameno,
com temperatura média de 18 graus e variação de apenas 5 graus. Ele
também significa poluição aumentada, crescimento de epidemias provocadas
pelo vírus da gripe, o Influenza, além do tempo seco”, diz Pesaro.
O que acontece com o coração
O frio faz os vasos sanguíneos se contraírem e eleva a liberação de
adrenalina, o que faz subir a pressão arterial. Além disso, o aumento da
poluição contribui para doenças respiratórias que sobrecarregam o
coração. Já o Influenza (vírus da gripe) é capaz de causar inchaço ou
inflamação das coronárias, com a possibilidade de liberar as placas de
colesterol nela depositadas. As placas, por sua vez, podem causar
bloqueios e interromper o fluxo sanguíneo.
Para Pesaro, o governo precisa investir em políticas públicas que
melhorem a qualidade de vida da população. “As pessoas e os governos têm
que cuidar melhor daqueles indivíduos em maior risco durante o inverno.
Quem tem risco deve regularizar o controle das suas próprias doenças,
como por exemplo, pressão alta, que sabemos que aumenta no inverno,
lembrar de tomar os remédios, fazer a medida da pressão com
periodicidade e tentar não passar frio mesmo dentro de casa”,
aconselha. Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário