Em dez anos, o número de brasileiros mortos pelas principais doenças não transmissíveis (câncer, diabete, doenças cardiovasculares e problemas crônicos respiratórios) aumentou 26%, passando de 542 mil em 2006 para 685 mil em 2016 (último dado disponível), segundo levantamento feito pelo Estado no Datasus, sistema de informações do Ministério da Saúde. O índice é superior ao crescimento populacional no período, que ficou em torno de 9%, de acordo com dados do IBGE.
Considerando todos os tipos de doenças não transmissíveis, o número de vítimas anuais no País chega a quase 1 milhão e custa ao sistema de saúde o equivalente a R$ 7,5 bilhões. A estimativa foi divulgada nesta sexta-feira, 1º, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), durante lançamento de uma lista de recomendações e políticas em que apresenta estratégias para que os países possam combater essas doenças. A iniciativa foi elaborada por 26 especialistas e chefes de Estado, incluindo Tabaré Vázques (Uruguai) e Michele Bachellet (Chile). Além de mortes, as DNTs diminuem a qualidade de vida dos doentes e podem deixar sequelas.
O cardiologista Carlos Alberto Machado afirma
que o aumento das mortes por doenças não transmissíveis está ligado a uma
combinação de piora no estilo de vida, envelhecimento populacional e redução do
acesso aos serviços de saúde públicos e privados. "Um dos aspectos é que o
estilo de vida das pessoas está ruim. Temos uma epidemia de obesidade no Brasil
e no mundo e a qualidade da alimentação é péssima, com o aumento do consumo de
comida industrializada. A grande maioria da população vive nos grandes centros
urbanos e, até em função da violência, está se fechando em casa e fazendo menos
atividade física", afirmou.
O
envelhecimento da população também é um desafio, segundo Machado. "Dentro
de 30 anos, teremos uma imensa população idosa sem acesso ao atendimento
público e nem privado, que não conseguirá escapar dessas doenças. Estamos
vivendo um desmonte do sistema público de saúde pelo menos desde 2011."
TERRA
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